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Os Concertos para Cravo de J. S. Bach

As composições para cravo ocupam um lugar muito especial no legado de Johann Sebastian Bach, em particular os concertos, cujo formato não existia até então – normalmente, era confiada a função de acompanhamento àquele instrumento. Trata-se aqui, portanto, de repertório que abriu caminho ao imenso protagonismo que o piano moderno veio a ter mais tarde.

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A maioria das composições para cravo de Johann Sebastian Bach não foi escrita para satisfazer compromissos acordados com uma entidade patronal, contrariamente ao que acontecia quando se tratava de vozes, orquestra ou órgão, por exemplo. Sendo o cravo o seu instrumento, o próprio interpretava essas obras em ocasiões diversas. Podiam ser exercícios destinados à aprendizagem de seus filhos, de que é exemplo O Cravo Bem Temperado, ou demonstrações de competência destinadas a cativar o interesse de um potencial mecenas, como aconteceu com o Concerto Brandeburguês N.º 5. Podiam, ainda, servir de pretexto para ensaiar soluções técnicas e estilísticas inovadoras, para lá da oportunidade de se recrear a seu belo prazer. Os concertos para cravo enquadram-se nesta última categoria.

Bach iniciou a carreira em Arnstadt, como organista. Esteve ao serviço da corte de Weimar a partir de 1708 e, entre 1717 e 1723, foi Mestre de Capela na corte de Cöthen. Radicou-se depois em Leipzig, onde veio a ser o principal responsável pela música vocal das igrejas da cidade, aí permanecendo até ao final da vida. Para lá dos inúmeros compromissos inerentes ao cargo que desempenhava neste último período, assumiu durante mais de dez anos a liderança do Collegium Musicum, uma associação de músicos profissionais e amadores que se reunia semanalmente para tocar em conjunto. Aí, Bach tinha a liberdade para criar mais livremente, e foi, precisamente, para onde compôs os concertos para cravo e orquestra – sete com um único solista (BWV 1052-58), seis para dois, três ou quatro cravos, e um triplo concerto para flauta, violino e cravo. Todos estes concertos resultavam de adaptações de composições anteriores, concertos para violino ou outros instrumentos, alguns dos quais recuperados do tempo de Cöthen. O próprio compositor veio a reunir, mais tarde, seis dos sete concertos para cravo e orquestra num só caderno, provavelmente com o intuito de os fazer publicar, o que só aconteceu postumamente.