«Sinfonias para Instrumentos de Sopro» é uma obra de Igor Stravinsky que foi estreada na Queen’s Hall, em junho de 1921. Foi dedicada à memória de Claude Debussy, numa altura em que o músico francês havia falecido havia apenas três anos. Em 1908, o próprio Debussy tinha dirigido La Mer naquela sala londrina.
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É estranho uma obra intitular-se «sinfonias» quando se trata de uma curta peça que nem sequer está escrita para instrumentos de cordas. Soa, por isso, algo enigmático. Afinal, Stravinsky usou a palavra «sinfonias» (no plural) para fazer alusão à conotação mais antiga e mais genérica da palavra grega – «soar junto». Com efeito, os instrumentos soam em conjunto, ao encontro desse sentido original.
Em pouco menos de dez minutos, encadeia-se um mosaico de sonoridades extremamente diverso. O compositor clarificaria mais tarde que são pequenas litanias que se sucedem de maneira sempre contrastante, em quatro blocos distintos nos quais é possível reconhecer melodias tradicionais russas e ritmos de dança. Curiosamente, a obra foi inicialmente recebida com risos de uma plateia que não estava familiarizada com a faceta mais experimental do músico. Já em 1947, fez uma revisão da obra, resultando a versão que é hoje mais correntemente interpretada.
Rui Campos Leitão