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Árias e Danças Antigas para Alaúde

Ottorino Respighi foi um dos poucos compositores italianos que se notabilizou mais nas composições instrumentais do que na cena operática. O poema sinfónico Fontane di Roma será a sua obra mais conhecida, mas também se destacam as Árias e Danças Antigas para Alaúde. São suítes orquestrais onde o compositor se deixou inspirar por ritmos e melodias que remontam aos séculos XVI e XVII.

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É curioso pensar que, há um século atrás, o neoclassicismo era uma proposta artística de propensão modernista, apesar de se apropriar de estilos do passado, em particular da música renascentista e barroca. Entre muitas das criações que vincaram essa reconfiguração da sonoridade da música antiga «à luz» dos novos tempos, destacam-se as três suítes que Ottorino Respighi intitulou Árias e Danças Antigas para Alaúde. Ele próprio musicólogo, atento à compreensão histórica da música anterior ao período dos clássicos de Viena, transformou peças para alaúde da Renascença Italiana em suítes orquestrais exuberantes.

A Suíte N.º 1 foi composta em 1917 e está baseada em quatro peças para alaúde de finais do século XVI. Reflete a mistura de estilos que voltaria mais tarde a repetir nas outras duas suítes, datadas de 1923 e 1931. Tem início com um dança de corte ternária, um Balletto detto Il Conte Orlando que recupera a música do compositor Simone Molinaro (1565-1615), assim transfigurada numa dimensão orquestral. A segunda dança é uma Galharda de Vincenzo Galilei (1520-1591), pai do célebre cientista que defendeu o heliocentrismo. As duas outras peças desta suíte são inspiradas em composições anónimas. A Villanella é uma canção típica da região de Nápoles e contrasta pela expressão nostálgica. Um Passo mezzo e uma  Mascherada garantem um final festivo.

Rui Campos Leitão