O clarinete tem a capacidade de produzir sons muito diferentes ao longo da sua extensão. Os graves são quentes e aveludados, aproximando-se da voz de barítono. O registo médio é gracioso e transparente, como a voz de tenor. Os agudos são ágeis, aptos para uma coloratura de soprano.
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Mozart foi um dos primeiros compositores a fascinar-se por este instrumento e a integrá-lo no seio da orquestra. Naquela época, em finais do século XVIII, era uma invenção recente que dava os primeiros passos no sentido do requinte técnico que hoje conhecemos. Em Viena, o luthier Theodor Lotz construía clarinetes, por exemplo para o virtuoso Anton Stadler, que tocava num instrumento semelhante àquele de maior dimensão que aparece aqui na imagem, por isso mais grave. Terá sido para esse instrumento que Mozart escreveu o Concerto para Clarinete KV 622. O manuscrito original perdeu-se, mas a edição da época que nos chegou permite que seja tocado em clarinetes ligeiramente mais agudos, como os atuais.