A par do Concerto para Piano N.º 21 e da Sinfonia N.º 40, a Sinfonia Júpiter inclui-se entre as obras de Wolfgang Amadeus Mozart mais tocadas nos nossos dias. É a derradeira sinfonia do compositor de Salzburgo.
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Ao longo de quatro andamentos, sucedem-se na Sinfonia N.º 41 inúmeras ideias melódicas. Estas apresentam-se, porém, surpreendentemente curtas, na sua extensão temporal. Limitam-se, por vezes, à configuração de pequenos motivos, precipitadamente interrompidos pela contundência dos acordes. É, simultaneamente, introspetiva e exuberante, graciosa e perturbadora. Sintetiza as mais importantes técnicas de escrita orquestrais do passado, mas chama a si uma postura vanguardista, intimando os compositores que lhe seguiram a uma atitude de permanente evolução.
Uma das características que melhor distinguem esta partitura será a coexistência dos mais elaborados recursos do estilo barroco, sobretudo evidentes nas técnicas contrapontísticas que se ouvem no último andamento, com premissas que apontavam caminho ao romantismo musical. Esta era uma convergência extremamente inovadora à data de 1788, uma qualidade que é, ainda hoje, amplamente reconhecida.
Deste modo, por mais que queiramos evitar uma associação do decurso da História da Música à dimensão trágica da vida dos que a protagonizam, deparamo-nos inevitavelmente com a seguinte pergunta: O que mais nos revelaria Wolfgang Amadeus Mozart se não tivesse morrido apenas um ano e meio mais tarde?
Rui Campos Leitão