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A Guitarra de Villa-Lobos

Seja qual for o instrumento musical, é sempre possível identificar uma mão cheia de compositores que se tornaram seus verdadeiros ícones. No caso da guitarra, ressaltam de imediato nomes como Francisco Tárrega ou Mauro Giuliani. Já no século passado surgem os de Joaquín Rodrigo, Leo Brouwer e, naturalmente, o de Heitor Villa-Lobos. O compositor brasileiro é autor de obras como a Suíte Popular Brasileira, os 12 Estudos e os 5 Prelúdios. O Concerto para Guitarra e Orquestra data de 1951 e foi a última obra que compôs para guitarra.

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Heitor Villa-Lobos é o compositor brasileiro mais reconhecido internacionalmente no âmbito da música instrumental de tradição clássica. Em 1917 conheceu Darius Milhaud no Rio de Janeiro, o que lhe proporcionou um contacto direto com as técnicas harmónicas e de orquestração então praticadas do outro lado do Atlântico. No verão de 1923 fez uma digressão pela Europa e resolveu fixar-se em Paris, uma estadia que se estendeu ao longo de uma década. Apesar dessa influência, fez sempre questão de «respirar» a música tradicional do seu país. Assim, neste Concerto podemos ouvir reminiscências dos ritmos do Lundu e do lirismo afetuoso das modinhas, mas também da valsa e da complexidade contrapontística do barroco europeu.

Esta composição teve origem numa encomenda de Andrés Segovia. Foi completada em 1951 e anunciada como Fantasia Concertante. O célebre guitarrista espanhol pediu que lhe fosse acrescentada uma cadenza, mas o compositor só consentiu cinco anos mais tarde, quando o concerto foi finalmente estreado por Segovia à frente da Orquestra Sinfónica de Houston e sob direção do próprio Villa-Lobos. Passou então a incluir uma nova secção, entre os 2.º e 3.º andamentos, e também a intitular-se Concerto para Guitarra e Pequena Orquestra. Distingue-se ao longo dos três andamentos um equilíbrio admirável entre a amplitude sonora da guitarra – delicada por natureza – e os recursos de uma orquestra que surge aqui ligeiramente reduzida em número de efetivos, para lá de se repartir sempre que se envolve em «diálogos» com o solista.