O compositor e contrabaixista Jan Dismas Zelenka, contemporâneo de Johann Sebastian Bach, apresenta-se nos livros de História como uma figura misteriosa. Após uma adolescência da qual pouco se sabe, viu-se forçado a abandonar a Boémia para prosseguir a carreira de músico, à semelhança de tantos compatriotas seus, em virtude do domínio dos Habsburgos e da imposição da doutrina católica contrareformista por parte dos jesuítas. Fixou-se então em Dresden, ao serviço do Príncipe Eleitor da Saxónia e Rei da Polónia. Com particular apetência pela música sacra, as suas sonatas são raros exemplos da música instrumental profana entre as cerca de 150 obras que dele nos chegaram. Os manuscritos só foram recuperados após a Segunda Grande Guerra, envoltos nos destroços dos bombardeamentos aliados em Dresden, muitos deles danificados. Começou então a ser valorizada a importância do seu legado. Hoje, conta-se entre os maiores expoentes do barroco musical. Nestas Sonatas em Trio, assim designadas por integrarem três partes instrumentais distintas, destacam-se os oboés e o fagote, sempre acompanhados pelo incontornável baixo contínuo. Curiosamente, foram escritas na cidade de Viena, por ocasião de uma visita do seu patrono àquela cidade, no início dos anos 1720.
Menos raras são as doze Sonatas Op. 5 de Arcangelo Corelli, as quais foram profusamente publicadas ao longo do século XVIII. A N.º 12, com as suas célebres variações sobre o tema La Folia, é a mais conhecida. Neste programa é interpretada a N.º 8, curiosamente numa versão transcrita em que o contrabaixo toma o lugar do violino.
Zelenka
Solistas da Metropolitana
J. D. Zelenka Sonata em Trio N.º 1, ZWV 181/1
A. Corelli Sonata para Violino, Op. 5/8 (transc. para contrabaixo de Vladimir Zinovich)
J. D. Zelenka Sonata em Trio N.º 2, ZWV 181/2
Sally Dean, Carla Pereira oboés
Lurdes Carneiro fagote
Vladimir Kouznetsov contrabaixo
Flávia de Almeida Castro cravo
