Sexta-feira em Almada, sábado em Lisboa e domingo em Sesimbra. A violinista Ana Pereira sobe ao palco com a Orquestra Metropolitana de Lisboa em Alla Turca, três espetáculos dirigidos pela própria concertino, que fez a sua formação na ANSO.
“É um programa com grande energia, que valerá a pena ouvir”, promete a violinista Ana Pereira, protagonista dos três concertos que a Metropolitana realiza esta sexta-feira, às 21h00, no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada; no sábado, às 17h00, no Picadeiro Real do Museu dos Coches, em Lisboa; e no domingo, às 16h00, na Igreja de Nossa Senhora da Consolação do Castelo, em Sesimbra.
E o que verá o público que assistir aos concertos deste final de semana? “É uma viagem à volta de Mozart e do repertório para violino”, sintetiza a violinista, acrescentando que será “também um reviver dos 30 anos da Metropolitana”, até porque do cartaz fará parte “uma peça escrita por um também ex-aluno das escolas da Metropolitana, o Tiago Derriça”.
É, aliás, por Estudo entre Estudo, uma obra que desde a edição de 2010 do Prémio Jovens Músicos tem sido presença obrigatória em concursos nacionais, que começam os concertos de sexta, sábado e domingo. “Apesar de a peça ter sido escrita há bastante tempo, lembro-me perfeitamente do conceito com que parti para a sua escrita. A peça tenta ilustrar uma sessão de estudo de um violinista. Este concerto tem nas extremidades uma linguagem musical mais aveludada que acaba por contrastar com o elemento central, que é mais frenético e com dinâmicas mais expansivas”, explica o jovem compositor.
Tiago Derriça não esconde o “enorme carinho” que tem pela Metropolitana. “Foi o meu berço musical, foi a casa que me deu os alicerces e as ferramentas que me permitiram trilhar este caminho de compositor”, afirma. Quando olha para trás, recorda todos aqueles que o marcaram. “Há muitos músicos da Metropolitana por quem tenho muito apreço e admiração, mas em particular tenho de referir o compositor Pedro Faria Gomes, que hoje já não está na casa, mas que foi o professor de Composição que mais me marcou”.
Depois de “Estudo entre Estudo”, Ana Pereira entra a fundo nas duas partituras que reportam ao período em que Mozart, então com 18 anos, se libertou do estigma de “criança prodígio” e anunciou ao mundo a sua maturidade.
“O concerto de Mozart n.º 5 para violino e orquestra é um concerto particularmente conhecido e que, para mim, tem um significado especial. O primeiro concurso que fiz, depois de começar a trabalhar na Metropolitana, foi ganho com este concerto. Quando ganhei a prova para entrar para a OML também foi com este concerto. Portanto, tenho só boas memórias”, recorda Ana Pereira, também ela formada na Academia Nacional Superior de Orquestra. Segue-se a Sinfonia n.º 29, também ela de Mozart: “Já tocarei a sinfonia a partir do meu lugar de concertino da Orquestra Metropolitana de Lisboa”, explica a violinista.
Em Alla Turca, Ana Pereira assume também a direção musical do concerto, que a própria resume como “um trabalho aprofundado mas também de partilha” com os colegas. “O maestro tem a sua própria conceção da obra, mas na música como a vida, é um trabalho de partilha, ou seja, o maestro (ou eu, neste caso) mostra através de palavras ou linguagem corporal a sua leitura da obra e recebe algo dos músicos segundo a sua perceção. Esta troca de “mensagens” é adaptada e repetida e, segundo um fio condutor, surge aquilo que vemos em concerto”, explica a concertino.
Ana Pereira não esconde o prazer que também lhe dá esta função. “É um trabalho que gosto de fazer, porque acho que é extremamente importante para a orquestra. É um trabalho de música de câmara alargado, onde todos participam ativamente, e onde cada um tem que dar um pouco mais de si, pois a reação a tudo que acontece tem que ser um pouco mais rápida. Acho que é um trabalho que une muito a orquestra e que a faz trabalhar ainda mais em equipa. É no fundo uma pequena família que, não morando toda na mesma casa, trabalha pelo bem de todos”, conclui.