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A Vitória de Wellington

A Vitória de Wellington é uma obra atípica no catálogo de Ludwig van Beethoven. Foi composta para celebrar um feito militar e acabou por se tornar numa das suas composições mais célebres, em tempo de vida. Na vez da intensidade expressiva e do labor técnico, optou então por uma surpreende simplificação de recursos, com base em melodias patrióticas conotadas com a identidade francesa e britânica. Designadamente, «Rule Britannia», «God Save the King» e «Marlbrough s’en va-t-en guerre». A versão inglesa desta última melodia tradicional francesa é de todos nós conhecida como «For He’s a Jolly Good Fellow».

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Ludwig van Beethoven compôs A Vitória de Wellington para comemorar o sucesso das tropas aliadas inglesas, portuguesas e espanholas a comando do general Arthur Colley Wellesley (Duque de Wellington) sobre o exército de Napoleão Bonaparte, a 21 de junho de 1813. A obra também é conhecida como «Sinfonia Batalha», ou «A Batalha de Vitória», em virtude de a contenda ter tido lugar perto da cidade de Vitória, no norte de Espanha, precipitando o fim da Guerra Peninsular e contribuindo decisivamente para o fim do império de Napoleão que veio a capitular dois anos mais tarde, na Batalha de Waterloo. Foi, sobretudo, após este último desfecho que a obra se tornou num verdadeiro sucesso, particularmente entre os ingleses.

Mas não se estranhe o entusiasmo sentido em Viena ao receber aquela notícia. Afinal, o Império Austríaco estava profundamente envolvido na fase derradeira do conflito, tendo mesmo sido a segunda força militar que mais resistência ofereceu aos franceses, após os ingleses. Foi essa consciência que levou o inventor do metrónomo, Johann Mälzel, a desafiar Beethoven para compor uma obra dedicada à ocasião. Pensava, simultaneamente, em promover o seu Panharmonikon, um instrumento mecânico parecido com um órgão de tubos, mas que procuva imitar os timbres dos sopros da orquestra, para lá de acrescentar percussões. À semelhança de uma caixa de música, eram as saliências incrustadas em rolos de grande dimensão que determinavam as notas que soavam em cada momento – o único Panharmonikon existente terá sido destruído em Estugarda durante a Segunda Grande Guerra. As limitações deste dispositivo cedo se tornaram evidentes para o músico, que optou por adaptar a partitura a uma versão orquestral mais extensa e acrescentada de efeitos que dramatizam ostensivamente a paisagem sonora de um teatro de guerra, mimetizando mosquetes e canhões.

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