Iannis Xenakis nasceu há cem anos, na Roménia. Ainda em criança radicou-se na Grécia, tendo vivido a adolescência em Atenas. Aí envolveu-se ativamente em movimentos políticos, no decorrer da Segunda Grande Guerra. Cumpriu depois o serviço militar durante a Guerra Civil e, em compromisso com a resistência contra os britânicos, acabou por se ferir e ser forçado ao exílio no estrangeiro. Foi em Paris que acabou por construir a carreira; primeiro como arquiteto, no ateliê de Le Corbusier, depois enquanto compositor, tendo estudado com Olivier Messiaen. A sua música reflete esse percurso errático, na confluência da arquitetura, da matemática, da música e, sobretudo, de uma personalidade forte que nunca se deixou ancorar em escolas ou convenções.
A sua primeira criação em que se destacam as percussões e a disposição espacial dos instrumentistas foi Pithoprakta, de 1956. Na década seguinte compôs Persephassa para os seis percussionistas d’As Percussões de Estrasburgo, aquele que foi o primeiro agrupamento profissional exclusivamente composto por instrumentos de percussão e com atividade permanente, desde 1962 – tomam agora os seus lugares as Percussões da Metropolitana. O título da obra deriva do nome Perséfone, filha de Zeus e rainha do submundo. Foi estreada em setembro de 1969 nas ruínas de Persépolis, «A Cidade Persa», no Irão. O aparato instrumental, composto por címbalos, tímpanos, tom-tons, bombos… dispunha-se em hexágono à volta do público proporcionando uma experiência imersiva com duração aproximada de meia hora.
Mas antes disso, Tomás Moital interpreta a solo uma outra criação de Xenakis, datada de 1975. Neste caso, o título é emprestado da poetisa grega Safo, cujos escritos remontam ao século VI A.C. O compositor inspirou-se na métrica da sua poesia para definir as fórmulas matemáticas que determinam a estrutura rítmica da partitura. É uma obra particularmente desafiante para o intérprete, pelo modo como enreda texturas que combinam percussões metálicas e membranofones.
Centenário do Nascimento de Iannis Xenakis
Percussões da Metropolitana
I. Xenakis Psappha, para percussão solo
I. Xenakis Persephassa, para seis percussionistas
Tomás Moital solista
Percussões da Metropolitana: Fernando Llopis, Marco Fernandes, Francisco Cipriano, Rafael Louro e Tiago Rocha