Os Solistas da Metropolitana voltam este sábado ao Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, para mais uma apresentação integrada na Temporada de Música de Câmara da Metropolitana.
O programa “Danças”, que tem início às 16h00 e é de entrada livre, conta com a interpretação de três obras: “Sete Apotegmas”, de Fernando Lopes-Graça, “Suite de Danças”, de Joly Braga Santos, e, em estreia absoluta, “Suite (Quase) Rústica”, composta por Sérgio Azevedo.

Em declarações ao site da Metropolitana, o compositor português, de 51 anos, que foi aluno de Lopes-Graça, não escondeu a influência que este teve na sua vida e carreira artísticas.
“Esta obra é, na realidade, uma (re)composição de algumas peças para piano de Fernando Lopes-Graça, trabalho que tenho realizado nos últimos dois anos (“Horas Pastoris” e “Danças Concertantes”, por exemplo), e que visa “arranjar” de forma muito livre, mas respeitando o espírito do original, algumas das maravilhosas peças de piano de Lopes-Graça num contexto mais ambicioso, quer de câmara quer sinfónico”, explicou Sérgio Azevedo.
O título que deu à sua obra “Suite (Quase) Rústica” assume essa própria ligação. “A ideia foi, precisamente, a de jogar com esse título, sendo que a “Suite Rústica” do Graça usa melodias populares genuínas como base da música, e esta minha suite, ao usar obras de Lopes-Graça não devedoras diretas dessas melodias, é, na realidade uma suite (quase) rústica, sem o chegar a ser portanto, dado as melodias não serem genuínas”, acrescenta.
O espírito da música tradicional, reforça o compositor, está lá, embora sem a presença efetiva. “Não encontramos música tradicional, como referi, de forma directa. O que encontramos nas obras do Graça, e que usei nesta minha obra, é o denominado “Folclore Imaginário”, uma expressão de que gosto bastante e que se refere à utilização do espírito da música tradicional sem necessariamente a citar directamente. O nome explica o conceito de forma clara, parece-me. Ou, como diria Villa-Lobos, à laia de um Louis XIV, “O folclore sou eu”!”
“Suite (Quase) Rústica”, escrita recentemente é também uma homenagem de Sérgio Azevedo ao oboísta português Samuel Bastos, que integrava a Orquestra da Ópera de Zurique, e que foi encontrado morto na Suíça em maio deste ano.
“O Samuel tinha em projeto, quando morreu, estrear uma obra minha que eu lhe iria escrever. Infelizmente, o projeto ficou adiado para sempre. Esta peça, que tem uma dimensão apreciável em termos da duração e de complexidade de execução, foi a maneira que encontrei, como compositor, de o homenagear de forma digna”, conclui Sérgio Azevedo.
O concerto deste sábado à tarde, no Museu Nacional de Arte Antiga, tem início às 16h00, e será protagonizado por Sally Dean (oboé), Andrei Ratnikov (viola), Ercole de Conca (contrabaixo) e Savka Konjikusic (piano).
Este programa repete no domingo, também às 16h00, mas já no Museu do Oriente, igualmente em Lisboa. A não perder!