O que pode acontecer quando um maestro deslumbrado se junta a uma orquestra indisciplinada? Pode acontecer quase tudo, mas sobretudo um grande espectáculo. É essa a promessa da Orquestra Metropolitana de Lisboa, que este sábado, às 21h00, apresenta O Mundo às Avessas, no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.
O concerto tem direção musical da violinista Ana Pereira e conta ainda com Nuno Abreu (violoncelo) e Jorge Vaz de Carvalho (canto e direção cénica), a acompanhar a OML. Na véspera da apresentação no Museu Nacional de Arte Antiga, para a qual ainda restam alguns bilhetes disponíveis, conversámos com Ana Pereira, que aguça o apetite aos leitores.

O que podem os espectadores que se deslocarem ao Museu Nacional de Arte Antiga no sábado esperar deste concerto?
Este concerto será uma apresentação da OML um pouco especial, por envolver obras com particularidades pouco usuais. Uma delas é um pequeno intermezzo cómico para barítono e orquestra, em que o cantor interpreta o papel de um maestro de capela, que tenta ensaiar a sua ária com a orquestra. Exemplifica para cada secção, cantando a música que lhe está atribuída, mas toda esta explicação se vai tornando catastrófica e a orquestra envolve-se num caos. Será que conseguirão encontrar alguma solução? Terá de aparecer no concerto para saber… Uma coisa prometemos: será um concerto bastante divertido…
O que é que Vivaldi, Telemann e Cimarosa têm em comum para estarem juntos neste O Mundo às Avessas?
Na verdade a ligação entre os três compositores não se prende por influências nas composições, mas sim na própria temática do concerto. O concerto de Vivaldi, escrito para violino e violoncelo solo, inverte o registo de cada instrumento, tocando assim o violoncelo a parte mais aguda da obra e o violino a parte mais grave. O próprio título do concerto é O Mundo ao Contrário. Numa outra visão desta temática, temos o intermezzo em que a própria orquestra se envolve num caos e se revolta contra o seu “administrador”, o próprio maestro di capella. Ainda neste contexto bizarro se inclui a suite de Telemann com o nome do próprio enquadramento La Bizarre.Todo este programa é de carácter leve e divertido e promete ser uma óptima companhia para um serão de sábado. É já amanhã no MNAA, pelas 21 horas.
Este é um dos projetos em que a Ana, além de solista, assina a direção musical do concerto. Não é o primeiro, não será o último. Como se concilia esse trabalho?
Não é tarefa fácil conciliar toda a minha atividade como concertino da OML e professora da ANSO, com todos estes projetos artísticos. São precisas muitas horas de estudo e dedicação, mais do que o habitual. No entanto faço-o com muito gosto, pois são oportunidades muito importantes para o meu percurso e que me dão muita satisfação profissional. E como diz o velho ditado: “Quem corre por gosto, não cansa”. Cansa um pouco, mas todo este cansaço eleva-se a uma dimensão quase nostálgica no momento do concerto. A alegria esfuziante de interpretar obras excepcionais e dividir o palco com talentos inacreditáveis; o modo tão carinhoso com que somos sempre acolhidos pelo nosso público e o sentimento de agradecimento por todo um apoio incondicional que nos é dado pela produção invisível ao público, que programa, divulga e faz acontecer todos estes concertos, são apenas alguns dos sentimentos, que em ebulição transformam todo este cansaço em agradecimento e contentamento.