O Grande Auditório do Centro Cultural de Belém recebe, esta quinta-feira às 19h00, “Orphée”, uma ópera de câmara em dois atos, produzida pelo CCB em parceria com o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e com a atuação da Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida pelo Maestro Pedro Neves.
Fascinado pelos filmes do francês Jean Cocteau, que viu na adolescência, ainda durante os anos 50 do século passado em Paris, é já como um dos compositores mais importantes da sua geração que o americano Philip Glass decide fazer uma trilogia de adaptações a partir de Cocteau. A ópera “Orphée” (1993), baseada no filme de 1949 sobre o mito de Orfeu — poeta e músico que move os céus e a terra para trazer a sua amada Eurídice de volta do mundo dos mortos — foi a primeira.
É esta a ópera que é levada ao palco esta quinta-feira, “escrita numa linguagem cinematográfica, com personagens que vêm baralhar completamente a história”, descreve André Cunha Leal, programador do CCB. “É uma ópera que nos pareceu adequadíssima para os tempos que vivemos, porque toda ela se passa no limbo entre a vida e a morte, entre um reino e o outro. E, de facto, é isso que todos nós, humanidade, vivemos nos tempos que correm. É verdadeiramente uma encruzilhada e a ópera trata muito bem disso”, sustenta.
Este “Orphée” esteve pensado para ser exibido no ano passado, mas a pandemia empurrou-o para 2022. “Ainda bem que assim foi porque este é o ano em que celebramos os 200 anos da independência do Brasil. Portanto, acabou por ser uma feliz coincidência”, nota Cunha Leal, que realça a importância deste “abraço Atlântico”, já que o encenador é o brasileiro Felipe Hirsch, que conheceu Philip Glass nos anos 2000.
O responsável pela programação de música clássica do CCB não tem dúvidas que “estão reunidas as condições para uma grande atuação”. “O grupo de cantores é extraordinário e serão acompanhados pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, com quem temos trabalhado tão bem nos últimos anos. “Apesar de ser composto por cantores única e exclusivamente portugueses, é um elenco que poderia estar em qualquer parte do Mundo. Basta pensar no Luís Gomes, que vem de fora para fazer este papel, no André Baleiro, na Susana Gaspar, na Carla Caramujo. É todo um elenco que tem muita experiência internacional e que eleva a ópera em Portugal a um nível de referência”.
André Cunha Leal destaca ainda o papel de Pedro Neves, maestro da Metropolitana, que, “para além de ser um grande maestro em todos os repertórios, percebe-se perfeitamente quando se assiste aos ensaios, domina perfeitamente esta linguagem”. E vai mais longe: “Isso revela-se, como disse, nos ensaios, no apoio que ele dá aos cantores, na segurança da sua entrega. O Pedro Neves poderia ter feito como muitos maestros fazem, que era aparecer só nos últimos ensaios de orquestra, mas não, esteve lá em todos os ensaios”.
Para Pedro Neves, “isso faz parte do processo de trabalho. Esse processo começou nas semanas anteriores e culmina agora para juntar todas as peças do puzzle”, afirma. O diretor artístico da Metropolitana reconhece que este “é um grande desafio para a orquestra”. “É uma música repetitiva do ponto vista rítmico, que de alguma forma hipnotiza as pessoas. Tentar casar este lado musical com a própria cena que se está a passar no palco, que também tem as suas especificidades, é o grande desafio”. O maestro não tem dúvidas em considerar esta “uma ópera fora do normal, diferente da ideia tradicional que se tem de uma ópera” e por isso, sublinha, é necessário que o público tenha “abertura de espírito” para absorver o espetáculo.
Por sua vez, André Cunha Leal espera que esta seja “a primeira de muitas produções de ópera conjuntas entre o CCB e a Metropolitana”. “Sendo a Metropolitana uma parceira histórica do Centro Cultural de Belém, acho que faz todo o sentido que em determinado tipo de óperas, a Metropolitana seja a orquestra natural”, considera, até porque, confessa, “há muito que havia a vontade de levar a Metropolitana ao palco principal com ópera”.
“A verdade é que a Metropolitana tem trabalhado ópera no CCB, quer através do Ateliê de Ópera, quer através de um Cosi Fan Tutte, que ousámos fazer em conjunto durante a pandemia, entre confinamentos, e que foi um sucesso. E percebemos que a Metropolitana tem um potencial inacreditável para poder fazer ópera. É uma das melhores orquestras nacionais, com uma segurança incrível, e a ópera é um desafio adicional para uma orquestra que está muito habituada a fazer programas sinfónicos e de câmara”, afirma o programador do CCB.
O responsável garante que tem visto “o crescimento da Metropolitana com muitos bons olhos”. “Apesar de tudo, e dos graves problemas que tem desde a sua fundação, a Metropolitana tem conseguido nos últimos cinco ou seis anos assumir-se como uma das orquestras mais relevantes do panorama nacional, se não a mais relevante. Porque soube escolher os seus solistas muito bem, porque soube criar uma estabilidade na sua orquestra, coisa que não acontecer com outras congéneres de referência, e porque adotou um mecanismo de trabalho que permite ser o que é hoje”.
Para Pedro Neves, “isso faz parte do processo de trabalho. Esse processo começou nas semanas anteriores e culmina agora para juntar todas as peças do puzzle”, afirma. O diretor artístico da Metropolitana reconhece que este “é um grande desafio para a orquestra”. “É uma música repetitiva do ponto vista rítmico, que de alguma forma hipnotiza as pessoas. Tentar casar este lado musical com a própria cena que se está a passar no palco, que também tem as suas especificidades, é o grande desafio”. O maestro não tem dúvidas em considerar esta “uma ópera fora do normal, diferente da ideia tradicional que se tem de uma ópera” e por isso, sublinha, é necessário que o público tenha “abertura de espírito” para absorver o espetáculo.
Por sua vez, André Cunha Leal espera que esta seja “a primeira de muitas produções de ópera conjuntas entre o CCB e a Metropolitana”. “Sendo a Metropolitana uma parceira histórica do Centro Cultural de Belém, acho que faz todo o sentido que em determinado tipo de óperas, a Metropolitana seja a orquestra natural”, considera, até porque, confessa, “há muito que havia a vontade de levar a Metropolitana ao palco principal com ópera”.
“A verdade é que a Metropolitana tem trabalhado ópera no CCB, quer através do Ateliê de Ópera, quer através de um Cosi Fan Tutte, que ousámos fazer em conjunto durante a pandemia, entre confinamentos, e que foi um sucesso. E percebemos que a Metropolitana tem um potencial inacreditável para poder fazer ópera. É uma das melhores orquestras nacionais, com uma segurança incrível, e a ópera é um desafio adicional para uma orquestra que está muito habituada a fazer programas sinfónicos e de câmara”, afirma o programador do CCB.
O responsável garante que tem visto “o crescimento da Metropolitana com muitos bons olhos”. “Apesar de tudo, e dos graves problemas que tem desde a sua fundação, a Metropolitana tem conseguido nos últimos cinco ou seis anos assumir-se como uma das orquestras mais relevantes do panorama nacional, se não a mais relevante. Porque soube escolher os seus solistas muito bem, porque soube criar uma estabilidade na sua orquestra, coisa que não acontecer com outras congéneres de referência, e porque adotou um mecanismo de trabalho que permite ser o que é hoje”.