Referência na cidade de Lisboa no mundo do rock/pop, do fado e do jazz, a Fábrica Braço de Prata abre esta noite as portas à música erudita contemporânea. “O Som Americano” é o primeiro de três programas que a Metropolitana apresenta até junho naquele improvável centro cultural lisboeta.
A riqueza cultural norte-americana está longe de se esgotar no consumo de largo espectro massificado. O Som Americano, que na noite deste sábado, 30 de abril, os Solistas da Metropolitana levam à Fábrica Braço de Prata, é bem a prova da diversidade cultural das Américas.
As sete peças que serão tocadas neste programa demonstram bem essa vitalidade, particularmente bem representada por compositores como Joseph Turrin, Richard Lane e John Stevens. Num espectro que se estende desde a exuberância virtuosística de Caprice até à disposição melancólica de Autumn, há muito por explorar neste repertório que raramente temos a oportunidade de escutar. No final, podemos ainda revisitar Quiet City de Aaron Copland, uma curta peça originalmente composta para trompete, corne inglês e orquestra de cordas.
O oboé de Carla Pereira, os trompetes de Sérgio Charrinho e João Moreira e o piano de Savka Konjikusic levam-nos a essa viagem dos Solistas da Metropolitana pela multicultural América, num concerto de entrada livre e que tem início às 21h00.Este é o primeiro de três concertos agendados para esta temporada na Fábrica Braço de Prata, que se apresenta como “o centro cultural mais improvável da cidade de Lisboa”, e que existe desde 2007. “É uma feliz coincidência”, reconhece Nuno Nabais, o fundador e diretor da Fábrica desde a sua criação.
“A Metropolitana comemora 30 anos de vida, no ano em que a Fábrica chega aos 15 anos. Sabemos as dificuldades que instituições tão frágeis como estas têm que ultrapassar todos os dias. Cada novo dia, cada novo ano é um triunfo”, afirma o responsável do espaço. “Temos um enorme orgulho em celebrar esta parceria com a Metropolitana neste ano em que somos metade da sua idade, como forma de ostentar a dívida que temos para com um exemplo tão inspirador de independência e de rigor”, acrescenta.
Nuno Nabais sublinha que a Fábrica, que nasceu “num edifício meio abandonado, vestígio do lugar da administração da antiga fábrica de material de guerra”, “tem sido sobretudo uma referência no Jazz, no Fado e na música pop/rock”.
“Esta parceria procura abrir a frente da música erudita. Acreditamos que podem assim produzir-se novos hibridismos e alargar os horizontes da receção da música contemporânea”, afirma.
O concerto desta noite marca o arranque da parceria. Para 20 de maio, está marcado um programa de Percussões, às 22h00, e para 25 de junho um concerto com alunos finalistas da ANSO, às 17h00.
“A direção da Metropolitana teve a feliz ideia de iniciar estes concertos na Fábrica com três registos muito diferentes em três concertos ao longo das próximas semanas. Espero que tal faça ver ao público da Fábrica a riqueza e a originalidade da música erudita contemporânea”, acredita o diretor do espaço.
A Fábrica Braço de Prata, situada na Rua da Fábrica de Material de Guerra, número 1 – 1950-128 Lisboa, conta com 20 salas multiusos, que tanto podem ser salas de concerto como galerias de arte, salas de cinema, ateliês de artes plásticas, lojas de roupa usada ou livraria.