Pedro Amaral, o diretor artístico da Metropolitana e Maestro Titular da Orquestra Metropolitana de Lisboa, vai dirigir este sábado a Orquestra Clássica da Madeira no Funchal.
O convite, que partiu da instituição insular, contempla o Concerto N. 1 para Piano e Orquestra de Brahms, com o pianista Naum Grubert como solista, e a Sinfonia N. 9, Do Novo Mundo, de programa decorre este sábado no Teatro Baltazar Dias, no Funchal.
Em declarações ao site da Metropolitana, Pedro Amaral explica as razões do convite da orquestra madeirense e levantou a ponta do véu sobre o trabalho de um maestro durante um concerto.
Como surgiu este convite?
No ano passado a Orquestra Clássica da Madeira convidou-me pela primeira vez a dirigir um concerto na sua Temporada. O programa incluía, para além de uma sinfonia de Beethoven, duas peças contemporâneas, uma das quais minha: Deux portraits imaginaires, que escrevi em 2012 por encomenda da Casa da Música e que a Orquestra Metropolitana de Lisboa irá também interpretar no próximo mês. Esse primeiro concerto com a Orquestra da Madeira foi um sucesso e traduziu uma relação muito simpática e artisticamente muito gratificante com a Orquestra. Julgo que foi por isso que renovaram o convite para este novo projeto.
Como se deu a escolha do programa Brahms/Dvorak deste concerto?
Foi a própria Orquestra, na pessoa do seu Diretor Artístico, Prof. Norberto Gomes, que me propôs estas duas obras. É um programa belíssimo, com um dos mais extraordinários Concertos para piano e orquestra jamais escritos, e uma das sinfonias mais tocadas de todo o repertório orquestral.
Que peças são essas?
São peças que conheço bem e que tenho particular gosto em dirigir porque permitem trabalhar aspetos muito concretos no plano musical: o som da orquestra, a dinâmica, o fraseado, a gestão da forma. E permitem um contacto imediato com o público, nas páginas mais intimistas como nos andamentos mais explosivos e enérgicos.
Por curiosidade: o que é a “gestão da forma”?
É o modo como se desenha o contorno da obra no tempo. É não apenas uma visão da obra, mas o modo de transmitir essa visão ao longo de um concerto, gerindo as dinâmicas, os tempos, avançando aqui, recuando ali, gerindo a atenção e a expectativa do ouvinte, que é o destinatário final daquela construção estética. A gestão da forma é a pura interpretação e é talvez o mais próprio e o mais solitário trabalho do maestro.
Como é esse trabalho?
Enquanto dirijo uma obra, em concerto, a minha atenção ao detalhe de cada momento tem sempre, em antístrofe, a consciência do que aquele momento representa no conjunto da obra. Tenho sempre claro o percurso completo, a cartografia da forma, e interpreto cada compasso sabendo de onde venho e para onde vou. O instrumentista tem a missão de incarnar com o seu instrumento a perfeição de cada detalhe; ao maestro cabe a gestão do todo.
Portanto, quando se pergunta qual o trabalho do maestro…
… Sim, a resposta está aqui: é o maestro que concebe uma interpretação e é sua a missão de a transmitir à orquestra e ao público. É um privilégio poder fazer este trabalho com músicos notáveis e com orquestras excelentes como, justamente, a Orquestra Metropolitana de Lisboa e a Orquestra Clássica da Madeira.