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Jovem maestrina formada na ANSO dá o mote para primeiro Causas em Família

Refletir sobre grandes questões sociais do mundo contemporâneo, através da música clássica, da palavra e do teatro é o objetivo do Ciclo Causas em Família da nova Temporada da Metropolitana, que se iniciou na passada sexta-feira com o Concerto Inaugural.

Crédito fotográfico: Roscoe Rutter Ltd

Este ciclo, produzido em parceria entre a Orquestra Metropolitana de Lisboa e a Associação Corações com Coroa, presidida por Catarina Furtado, arranca já este sábado, às 17h00, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, com o programa “O Jogo das Diferenças”, dedicado à Igualdade de Género. O programa é aberto a toda a família e o objetivo é também atrair gente jovem para as salas de espetáculo, proporcionando-lhes boa música mas também a discussão serena de temas fundamentais de cidadania.

Com a Sinfonia N.º 7 de Beethoven interpretada pela OML, sob direção da maestrina Rita Castro Blanco, a encenação de João Reis, a representação dos atores Catarina Rabaça e Rodrigo Cachucho, e a moderação de Catarina Furtado, “O Jogo das Diferenças” é, na opinião de Rita Castro Blanco, “uma oportunidade de ‘matar dois coelhos de uma cajadada’, por incentivar o acesso dos jovens à música clássica, às salas de concerto e ao meio artístico, e fomentar o pensamento crítico e social, em família e em comunidade”.

“O conteúdo musical do concerto pode ser uma porta de entrada para o tema. Talvez através do paralelismo (histórico, social, técnico) entre as peças tocadas, e o tema se possa chegar ao cerne de cada questão, quer seja para modernizar, refazer ou reajustar a perspetiva”, defende a maestrina, que vai dirigir a orquestra neste primeiro concerto do ciclo, após o convite que lhe foi endereçado pelo diretor artístico da Metropolitana, Pedro Neves. Rita não hesitou e aceitou “de imediato”. “Não só por ser uma oportunidade de estreitar a relação que tenho com a OML, mas também por querer fazer uma contribuição positiva nesta nova aposta da programação”, afirma, acrescentando que “ter a Catarina Furtado, fundadora da Associação dos Corações com Coroa, e a encenação do João Reis é uma mais-valia, e o ponto de conceção não só com outras áreas artísticas e sociais, mas de criar outras pontes entre a música clássica e o mundo atual”.

Licenciada pela Academia Nacional Superior de Orquestra (ANSO) em 2016, Rita Castro Blanco, de 28 anos, é um dos jovens valores portugueses na direção de orquestra e um “produto made by” Metropolitana. “Não só fiz o curso de Direção de Orquestra na ANSO, como fui aluna do Conservatório de Música da Metropolitana desde os meus cinco anos. Por isso, estes 30 anos são realmente um pouco meus também, porque cresci como música e como pessoa nesta casa”, sublinha.

Crédito fotográfico: Vincent Beaume

Rita Castro Blanco desfia o novelo de memórias. “Do Conservatório lembro-me dos primeiros ateliês musicais com o Professor João Pinheiro, em que tive contato com os instrumentos de orquestra pela primeira vez. Lembro-me de quando o Pedro Neves se tornou professor da Orquestra de Cordas do Conservatório, e, especialmente, de um dos Workshop de Verão em que participei e tocámos o Concerto para Piano No.2 de Rachmaninoff com o António Rosado”, recorda.

Já quanto à sua passagem pela ANSO, a maestrina destaca “dois momentos marcantes”: “a primeira vez que dirigi uma orquestra, na audição de entrada para a ANSO” e “a minha primeira participação num concerto como maestra, com a “Petite Suite”, de C. Debussy”. “Por fim, talvez a pessoa mais marcante deste processo na ANSO tenha sido o professor Jean-Marc Burfin, que não só foi a figura determinante para ingressar na Academia, como me deu grande parte das ferramentas que tenho para poder dirigir uma orquestra e que, ainda agora, acompanha o meu progresso”, sublinha.

Dividida fisicamente entre Portugal e Inglaterra, Rita Castro Blanco fez o Mestrado em Perfomance na Royal Northern College of Music e de 2019 para cá tem vindo a trabalhar como freelancer. “Por enquanto, não tenho ainda vontade de fazer um doutoramento ou outro curso superior, mas continuo a tentar desenvolver-me como música, participando em masterclasses, concursos e festivais de renome internacional. Apesar da “depressão” de trabalho durante a pandemia, este ano foi especial para mim porque não só participei nos Festivais de Aix-en-Provence e Lucerne, como tive a minha estreia com a Orquestra do Festival de Mafra, com a Orquestra Gulbenkian.

Este sábado chega a “tão esperada estreia” na direção da OML. E logo numa nova aposta da temporada, que junta o poder da arte com os grandes temas que marcam os nossos dias. Não falte!