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ERASMUS+: A experiência na primeira pessoa

A Metropolitana falou com André Ponte e Eliana Nyagu, dois alunos da Academia Nacional Superior de Orquestra que regressaram a Portugal após participarem no programa ERASMUS+, coincidentemente, ambos nos Países Baixos. Aqui fica a entrevista na íntegra:

André Ponte

“Quando partiram? Para que escola foram? Foi esta a vossa primeira experiência a viver fora?”

André Ponte (AP)
– O meu programa em Erasmus teve início no dia 5 de setembro de 2022 até ao dia 31 de janeiro de 2023 no Conservatorium van Amsterdam (Países Baixos) sendo também esta a minha primeira experiência a viver fora de Portugal.


Eliana Nyagu (EN) – Foi em finais de agosto de 2022 que viajei até à Holanda para, pela primeira vez, viver sozinha fora do meu país natal. Ao mesmo tempo iniciei a minha primeira experiência de ERASMUS que realizei no Conservatorium Maastricht.

Eliana Nyagu

“Quais foram os principais desafios que sentiram na adaptação a um país novo?”

AP
– Para ser sincero, eu não senti dificuldades em adaptar-me neste país, claro que no início tinha alguns receios por não saber exatamente como seria viver em Amesterdão, mas a língua inglesa faz muito parte do dia a dia desta comunidade o que tornou mais fácil a adaptação.

EN – O principal desafio foi sem dúvida encontrar alojamento. Não apenas pelos preços, pois de momento não são muito diferentes aos que encontramos no mercado em Lisboa, mas sim pela escassez que existe a nível do imobiliário disponível para os estudantes. Antes de começar toda a experiência tinha a ideia de que o principal desafio passaria pela adaptação a nível linguístico, mas felizmente, todos falavam inglês, o que facilitou de todo a minha adaptação!

“Foram bem recebidos pelos vossos colegas e professores?”

AP – O meu professor e os meus colegas receberam-me muito bem, o ambiente era de competição, mas uma competição saudável que me ajudou a evoluir.

EN – Posso dizer que tive a sorte e a honra de conhecer e ter presentes pessoas tão especiais como os meus colegas e os professores em toda esta experiência e aventura. Desde o primeiro momento que o meu professor de oboé, Marc Schaeferdiek, me contactou após lhe ter enviado a minha candidatura, mostrou-se ser uma pessoa excecional. Foi sem dúvida alguém que contribuiu de forma muito positiva para o meu desenvolvimento enquanto artista e acima de tudo enquanto pessoa. Saí de lá também com colegas que se tornaram grandes amigos que fizeram destes 5 meses em Maastricht uns dos melhores meses da minha vida.

Eliana com os colegas e professor
em Maastricht

“Sentem que a vossa formação na ANSO vos preparou para esta experiência?”

AP
– A minha formação na ANSO ajudou-me não só a conseguir alcançar este grande objetivo como também outros que alcancei em 2022, e a quem eu quero agradecer por isso é ao meu professor principal de Instrumento, professor Rui Mirra, que tem apostado em mim e ajudado imenso a atingir o que tenho vindo a atingir, e ao professor Sérgio Charrinho por me ter sempre puxado ao limite.

EN – Penso que sim. Tive a oportunidade de participar em diversas aulas durante o tempo que permaneci no Conservatorium Maastricht e em nenhuma senti uma discrepância a nível de conteúdos.


“Recomendariam o Programa Eramus+ a colegas e amigos? Porquê?”

AP – Com a experiência que tive recomendo a 100% o programa Erasmus, pois não só cresci como músico, mas também como pessoa. Ter ido para o Conservatorium van Amsterdam deu-me a possibilidade de conhecer novas abordagens técnicas e musicais. Senti também uma grande valorização da cultura e das artes o que enriqueceu mais esta experiência.

EN – Sem dúvidas que posso dizer que sim! Acho uma oportunidade excelente que nos abre imensas portas para o nosso futuro enquanto artistas. Para quem sempre imaginou um futuro fora de Portugal, acho a oportunidade certa para perceber um pouco de como as coisas funcionam “lá fora”. Também nos pode trazer novas oportunidades, pois acabamos por estar ligeiramente mais perto dos acontecimentos principais a nível da música. Mas, na minha opinião, o que fica para sempre na nossa memória, são sem dúvida as pessoas que conhecemos e os momentos especiais e únicos que vivemos, por mais que isto soe lamechas.

André com a sua turma em Amesterdão

“Se só pudessem mencionar uma situação, de toda esta experiência, o que destacariam?”

AP – Nestes 5 meses há um momento que me vem logo à cabeça, ter tido a oportunidade de tocar a 2.ª Sinfonia de Gustav Mahler na Het Concertgebouw Amsterdam com a VU-Orkest e com a sala completamente cheia.

EN – Quando penso nos ERASMUS é obvio que me lembro de imensos momentos felizes, mas um que se destaca é, sem dúvida, a minha última aula de oboé com o Professor Marc. Para quem me conhece sabe que sou uma pessoa bastante sentimental. Lembro-me de estar à porta, pronta para entrar na sala de aula e já estar a chorar. Foi um misto de emoções. Sentia-me triste, pois tinha acabado um capítulo da minha vida no qual me senti muito feliz e motivada, mas ao mesmo tempo feliz por ter feito parte daquela classe, rodeada sempre de pessoas tão incríveis e por ter sido tudo tão positivo para mim como oboísta.


“E agora, planos para o futuro?”

AP – Os meus planos para o futuro a curto prazo são, neste momento, acabar a licenciatura e continuar a trabalhar focado para entrar em Mestrado em Performance, ou nos Países Baixos ou na Alemanha. A longo prazo, alcançar um lugar como academista numa orquestra e, por sua vez, garantir um lugar numa orquestra profissional.

EN – A curto prazo quero continuar os meus estudos na Holanda ou na Alemanha. Planeio, sem dúvida, continuar o meu autoconhecimento enquanto artista. A longo prazo, gostaria de realizar o sonho de ingressar numa orquestra profissional e continuar o meu desenvolvimento a nível da Música de Câmara.