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Duplo concerto para “voltar a casa” e à orquestra onde já se foi feliz

Três antigos alunos da Academia Superior de Orquestra (ANSO) voltam a casa esta quinta e sexta-feira como solistas da Orquestra Académica Metropolitana (OAM) no duplo concerto que vai decorrer em Setúbal e Lisboa. Uma forma de homenagear os cerca de 400 licenciados que se formaram na ANSO nestes 30 anos de vida da Metropolitana.

Sara, João e Vítor. São três nomes, três músicos, três histórias diferentes. Em comum a mesma paixão e a mesma escola. Sara Dias, João Moreira e Vítor Vieira licenciaram-se pela Academia Nacional Superior de Orquestra. Da ANSO seguiram as suas vidas artísticas para outras paragens. Agora voltam por dois dias a atuar com a OAM, a orquestra em que tocaram quando estavam no Ensino Superior.

“Isto é um voltar a casa”, confessa João. “Fiquei deliciada com o convite”, acrescenta Sara. “Foram tempos incríveis, vou voltar a um sítio onde fui muito feliz”, sublinha Vítor.

É este o espírito do programa Copland / Ravel / Franck, o duplo concerto que a OAM dá esta quinta-feira, às 21h00, no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, e sexta-feira à mesma hora, no Auditório da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa. Os três antigos alunos estarão à frente da Orquestra, com a direção de Jean-Marc Burfin.

A suíte Quiet City de Copland aponta foco para João Moreira e Sara Dias. A exuberância de Tzigane de Ravel transfigura o violino de Vítor Vieira. A terminar, a orquestra interpreta uma obra estreada em 1889 numa outra grande escola, o Conservatório de Paris. É a Sinfonia em Ré Menor de César Franck.

João Moreira

Os três solistas não escondem a satisfação por este regresso, ainda que o trompetista João Moreira, que em 2010 se licenciou na ANSO, seja hoje membro efetivo da Orquestra Metropolitana de Lisboa, a irmã mais velha, e profissional, da Metropolitana.

“O tempo em que estudei cá foi muito gratificante. Foi uma época de grande aprendizagem na prática orquestral. Senti um grande desenvolvimento das minhas competências e devo-o muito a vários professores”, afirma o músico, de 32 anos, que cita Sérgio Charrinho e Jean-Marc Burfin. E acrescenta que “o objetivo é sempre fazer boa música e aproveitar cada experiência para evoluir, para acrescentar, para crescer”. “É isso que vamos fazer neste duplo concerto”, conclui João.

Vítor Vieira

Aos 38 anos, Vítor Vieira vê neste regresso à OAM “um regresso a um local de felicidade”: foi na Metropolitana que o violinista conheceu os três companheiros com quem formou o Quarteto de Cordas de Matosinhos. “A Metropolitana será sempre um local especial. Faço parte de um quarteto de cordas. Todos nos conhecemos aí, todos estudámos aí. Fizemo-nos amigos aí. Portanto, como é natural, só posso ter boas recordações”, afirma.

Vítor Vieira, que frequentou a ANSO entre 2000 e 2004, lembra que “foi um tempo muito produtivo, uma fase muito marcante da vida, entre a adolescência e a idade adulta”.

Quando saiu de Lisboa, foi fazer o Mestrado nos Estados Unidos e esteve um ano em Espanha com os amigos, onde estudaram música de câmara. “Quando voltámos, formámos o quarteto. A Câmara de Matosinhos abriu o concurso e nós concorremos”.

Sara Dias, com 27 anos, é a mais nova dos três solistas que vão subir ao palco do Luísa Todi e do Auditório da Reitoria. Apesar de o oboé ser o seu instrumento de eleição, a música vai tocar Corne Inglês, “um instrumento que não é abordado nas escolas”.

Sara Dias

“Fiquei deliciada com este convite, que tem um sabor especial. Não só gosto muito do maestro, como vou tocar uma obra espetacular, num concerto que é especial porque está integrado nas comemorações dos 30 anos da Metropolitana”, afirma.

Sara não tem dúvidas: “Muito do que sou hoje enquanto música e como pessoa aprendi aí com os professores Pedro Ribeiro e Sally Dean, por exemplo. Foram tempos excelentes, em que partilhei muita experiência com a orquestra e fiz repertório”.

Quando saiu da ANSO, em 2016, Sara Dias tirou o mestrado em Performance no Porto, rumou para a Alemanha em Erasmus e quando regressou assumiu o seu papel de freelancer, que já lhe permitiu toca com a Orquestra Sinfónica Portuguesa ou com a próprio Orquestra Metropolitana de Lisboa.