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Como foi recuperada a partitura de “Rosa do Adro” que os Solistas da Metropolitana vão tocar este sábado

A recuperação da partitura original do filme mudo português “Rosa do Adro” (1919), composta pelo compositor Armando Leça, que os Solistas da Metropolitana vão interpretar este sábado na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, demorou oito meses e foi feita no âmbito de uma tese de mestrado na Universidade Nova de Lisboa.

Manuel Deniz Silva, investigador associado do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos de Música e Dança (INET-md) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Nova, explicou à Metropolitana que “o trabalho de transcrição e de edição da partitura foi realizado por Bárbara Carvalho, que transcreveu todas as partes e reconstituiu a partitura geral, corrigindo diversos erros e padronizando as indicações de andamento e de expressão”.

Manuel Deniz Silva é Licenciado em Ciências Musicais pela Nova
e doutorado pela Universidade de Paris 8

“No contexto do projeto de investigação “À escuta das imagens em movimento”, por nós coordenado no INET-md, foi feita uma identificação das partituras originais para cinema mudo existentes nos diferentes arquivos musicais portugueses”, contou o musicólogo, acrescentando que “ao contrário das partituras de Armando Leça para filmes subsequentes, como Os Fidalgos da Casa Mourisca ou Amor de Perdição, cujos originais estão identificados e facilmente consultáveis na Biblioteca Nacional de Portugal e na Cinemateca Portuguesa”, “a partitura de A Rosa do Adro se encontrava no Arquivo de Música Escrita da RDP, mas não havia informações sobre o seu formato ou o seu estado”.

Manuel Deniz Silva sublinhou que “o documento conservado na RDP consiste numa cópia das partes de cada um dos instrumentos do sexteto (piano, dois violinos, violeta, violoncelo e contrabaixo), feita em 1919 por José Gomes da Silva, músico da GNR do Porto, e revista pelo próprio Armando Leça”.

Esta partitura, dividida em cinco partes, corresponde à versão original de “A Rosa do Adro”, que contava com cerca de 2.000 metros de filme. Depois de transcrita e editada, a partitura foi adaptada à única cópia existente do filme, dividida em quatro partes e significativamente mais curta (1.728 metros).

“Foi necessário realizar igualmente um trabalho de adaptação da partitura e de seleção temática, procurando manter o encadeamento rapsódico da música de Armando Leça e respeitando a construção narrativa e formal da obra”, acrescentou o investigador e professor da Nova.

Deniz Silva revelou ainda que “o trabalho de transcrição e edição realizado por Bárbara Carvalho durou cerca de oito meses, tendo o trabalho de equipa de revisão e adaptação da partitura à cópia existente do filme durado cerca de dois meses”.

O trabalho de digitalização do filme, reconstituição da partitura e sua interpretação ao vivo é o resultado de uma parceria institucional entre a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Cinemateca, e o Instituto de Etnomusicologia – Centro de Música e Dança da NOVA FCSH.

É, pois, a partitura original do compositor Armando Leça, propositadamente escrita para o filme “Rosa do Adro”, que vai ser interpretada ao vivo pelos Solistas da Metropolitana este sábado, às 21h30, na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.

José Pereira e Joana Dinis (violinos), Joana Nunes (viola), Catarina Gonçalves (violoncelo), Vladimir Kouznetsov (contrabaixo) e Francisco Sassetti (piano) constituem o agrupamento que vai interpretar a obra de “Rosa do Adro”, num concerto integrado na Temporada de Música de Câmara da Metropolitana.

O cartaz original de “A Rosa do Adro”