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Antiga flautista da ANSO ganha lugar Orquestra Filarmónica de Hamburgo

A flautista Flávia Valente, antiga aluna da Metropolitana, foi colocada na Philharmonisches Staatsochester Hamburgo, na Alemanha, como Solo-Flautim. Uma nova experiência, que terá contrato assinado, que deverá começar na próxima temporada. Até lá, a jovem portuguesa de 28 anos tem vindo a tocar fora de Portugal e está a aprender a língua alemã.

“Tem sido incrível ter este tempo de preparação, até para ter tempo de aprender a língua alemã, e para recuperar do choque – ainda não parece real que vou trabalhar na Alemanha, que é o país onde sempre quis trabalhar”, conta Flávia à Metropolitana.

Aluna da Academia Nacional Superior de Orquestra (ANSO, do grupo Metropolitana) até 2015, a flautista tem dividido a atual temporada “entre a Alemanha, os Países Baixos e a Bélgica”. “O meu contrato com a Philharmonisches Staatsochester Hamburgo começa só na próxima temporada. Mas bateu certo porque eu já tinha a agenda cheia com compromissos freelance. E isso está a ser incrível como preparação. Cada semana acabo por tocar com orquestras diferentes, algumas novas para mim, e tem sido incrível, pois aprendo sempre imenso. Sinto-me sempre musicalmente inspirada pelos meus colegas, acrescenta.

A jovem reconhece que é um privilégio estar a tocar sem ter de se preocupar “com as orquestras que têm vagas de piccolo abertas, até porque isso dá muito mais espaço para desenvolver as ideias de forma relaxada e aprender com o que se passa à volta”.

Flávia Valente não esconde a importância que a ANSO representou na sua formação artística. “Os meus tempos na Metropolitana eram 100% focados na flauta. Nesse campo foi fundamental, pois foi aí que aprendi as bases, que são o fundamento de tudo o que tenho vindo a desenvolver”.

A flautista elogia ainda o professor Nuno Inácio, com quem trabalhou na escola. “Foi importante ter um professor que nos motivava a fazer todas as provas possíveis, e foi com ele que desenvolvi a mentalidade de tentar, mesmo que não acredite que esteja ao nível (como costumo dizer, não sou paga para decidir se fico ou não, portanto não tenho de me preocupar com isso)”.

Mas a antiga aluna da ANSO recusa-se a olhar para Nuno Inácio como seu mestre. E pelas melhores razões. “O mais importante que o Nuno me ensinou é que ele não foi meu mestre. Ele foi um professor importante para o meu desenvolvimento. Isso porque desde o primeiro ano, ele focou-se em obrigar-me a desenvolver independência e pensamento crítico”. E continua: “Nas aulas tinha ideias novas, mas desde cedo reparei que se fosse para os exames tocar apenas como ele tinha ensinado, o resultado não seria tão bom. Duas semanas antes dos exames ele deixava de dar aulas, e era aí que eu teria se desenvolver as minhas próprias ideias. Portanto, o fundamental que aprendi é no fundo uma das coisas mais importantes para uma carreira (seja na área que for) – ser independente, valorizar as minhas opiniões e defendê-las com convicção”.

Nuno Inácio, por sua vez, não esquece esta aluna que passou pela ANSO. “A Flávia é um exemplo de empenho, método e resiliência”, afirma, acrescentando que a antiga aluna “demonstrou sempre querer dar tudo o estivesse ao seu alcance para crescer e tornar-se a artista que hoje é”.

“Este emprego que ganhou distingue-a dos seus pares, evidenciando um percurso que foi sempre levado muito a sério, na base da procura da excelência. Fico imensamente feliz por esta sua conquista e desejo as maiores felicidades nesta nova fase da sua carreira”, conclui o professor.