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«Quadri» de Olivier Cuendet

[Texto assinado pelo próprio compositor; tradução de Rui Campos Leitão]

 

A parte do solista é integralmente improvisada. O solista, ou a solista, pode ser qualquer instrumentista ou cantor. A orquestra oferece um quadro – harmónico, temporal e estilístico – sobre o qual o solista reage, intervém, imita ou ignora livremente. Cada andamento apresenta uma característica distinta da escrita contemporânea – desde a partitura escrita até jogos sobre textos ou à improvisação dirigida. Apresenta também uma forma, uma linguagem e modos de tocar muito precisos. Mas, dependendo da execução do solista, o resultado será sempre diferente em cada vez que se interpreta.

O primeiro andamento é uma estrutura harmónica e textural para o solista. No segundo andamento, são ditos textos em sotto voce em alternância com telas instrumentais. O terceiro andamento é uma canção fúnebre em homenagem a Paulo Gaio Lima, violoncelista magnífico falecido no ano passado, uma das almas da academia da Metropolitana e amigo íntimo do compositor. O quarto andamento é oportunidade para o maestro e a orquestra improvisarem, jogando com várias regras e modos de tocar; os papéis invertem-se, é o solista que acompanha e segue a orquestra! No quinto andamento, um Lied de Schubert é apagado e apenas os traços melancólicos permanecem (Saudade).

Olivier Cuendet