Este foi o primeiro concerto de Mozart escrito para um instrumento de sopro. É, por isso, um verdadeiro tesouro do repertório para fagote. Presume-se que o músico austríaco tenha composto mais três concertos para o mesmo instrumento, mas este foi o único que nos chegou. O primeiro andamento, em Forma Sonata, é o mais arrojado. Desafia o solista com movimentos amplos, explorando toda a sua agilidade por entre articulações enérgicas. Mantém sempre, todavia, o diálogo com a orquestra e uma elaboração de escrita que não corresponde ao estilo galante dos andamentos seguintes. No segundo, realça-se a expressividade melódica do fagote, como se se tratasse de uma ária de ópera – a mesma melodia foi mais tarde recuperada em As Bodas de Figaro, na ária «Porgi, Amor» cantada pela Condessa. O Finale ostenta padrões rítmicos dançáveis, na configuração híbrida da forma Rondó com Variações.
Rui Campos Leitão