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O Concerto Brandeburguês N.º 3

Os Concertos Brandeburgueses são inconfundíveis. Não somente na comparação com o repertório concertístico da mesma época, mas também entre si. São seis concertos que J. S. Bach reuniu num único caderno com a intenção de dar a conhecer a um potencial mecenas a sua condição de compositor versátil e competente. No Concerto N.º 3 distingue-se uma textura instrumental composta por três secções de cordas que se dividem, por sua vez, em três partes distintas. Esta é uma combinação peculiar, sobretudo para aqueles que se deixam fascinar por interpretações cabalísticas na arte dos sons.

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Os seis Concertos Brandeburgueses terão sido compostos e oferecidos a um aristocrata de Brandeburgo quando Bach ainda se achava ao serviço do Príncipe Leopold de Cöthen – antes de Leipzig, portanto. Descontente, Bach procurava um novo posto de trabalho e empenhava-se em exibir a sua destreza enquanto compositor nestas obras, sem estar sujeito às funções rotineiras que eram sempre exigidas a um músico naquela época. O Concerto N.º 3 consiste, na prática, em nove solistas acompanhados por baixo contínuo. São três violinos, três violas e três violoncelos que oferecem ao ouvinte a possibilidade de visualizar um jogo de perguntas e respostas desenhado com animado requinte. Curiosamente, o andamento lento central compõe-se somente por dois misteriosos acordes. A opção parece evitar a convencional disposição de três andamentos típica do formato Concerto importado de Itália. Mas aquele hiato seria provavelmente preenchido com um momento de improvisação do cravista.

À semelhança do primeiro e do último dos seis concertos, destaca-se uma disposição de escrita eminentemente orquestral, no sentido em que cada parte instrumental tende a diluir-se no conjunto nas secções tutti, onde os três músicos que integram cada secção tocam em uníssono. Nos restantes momentos comportam-se como verdadeiros solistas.

 

Rui Campos Leitão