Dumbarton Oaks é o nome de um palacete rodeado por vastos jardins e localizado no coração de Washington. Desde a sua construção, no início do século XIX, foi residência de destacadas figuras do panorama político dos E.U.A. Já em 1920, foi adquirido por Robert Woods Bliss, um diplomata que, juntamente com sua esposa, manteve sempre um particular interesse pelas artes. No tempo em que habitaram a casa, em 1937, encarregaram Igor Stravinsky de escrever uma composição para assinalar o trigésimo aniversário do casamento, que seria festejado no ano seguinte. Nasceu assim o Concerto Dumbarton Oaks.
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Já iam distantes os tempos da consagração internacional do compositor russo, quando este se juntara à companhia de Diaghilev em Paris para compor a música de bailados como O Pássaro de Fogo ou A Sagração da Primavera. Também já havia sido ultrapassado o exílio na Suíça motivado pela Primeira Grande Guerra, quando aproveitou para reorientar as suas premissas criativas em função de um estilo neoclássico, o qual conduziria à produção de diferentes bailados, tais como Pulcinella ou o Jogo de Cartas. Este último já foi estreado em plena Broadway, com coreografia de George Balanchine. Stravinsky buscava novos oportunidades no Novo Mundo, onde iria radicar-se em 1939.
Para responder à encomenda do casal de mecenas norte-americano, o compositor fez ecoar neste concerto reminiscências do estilo barroco. Juntou uma flauta, um clarinete, um fagote, duas trompas e um pequeno agrupamento de cordas no formato de um concerto grosso, nunca escondendo a sua fonte de inspiração. São três andamentos tocados sem interrupção e que, muito embora não permitam uma identificação distinta, baseiam-se nos Concertos Brandeburgueses de J. S. Bach. O terceiro destes concertos, em particular, espelha-se metamorfoseado no início da partitura.
Rui Campos Leitão