Golden Eagle, é o título do Concerto para Trombone e Orquestra que Christian Lindberg fez estrear em setembro de 2014, em Taiwan. É uma obra difícil de classificar, tantas são a referências estilísticas que a atravessam. Em todo o caso, há um aspeto que se distingue desde o primeiro ao último minuto. É um verdadeiro manifesto da versatilidade técnica e expressiva do trombone; ou não fosse Lindberg uma figura lendária no reino deste instrumento.
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Lindberg é um dos trombonistas mais prestigiados das últimas décadas. De naturalidade sueca, o seu virtuosismo e espírito de inovação tem contribuído enormemente para o crescimento do repertório para este instrumento. Ao longo da carreira estreou mais de três centenas de obras para trombone assinadas pelos mais diversos compositores, entre elas cerca de noventa concertos com orquestra. Como se não bastasse, também é compositor e tem recebido encomendas provindas de todas as partes do mundo. Em 2014 o desafio chegou de Taiwan. Compôs então o seu próprio concerto para trombone para ser interpretado pela Orquestra Sinfónica de Taipé, que tinha então como maestro titular Gilbert Varga.
Foi a este músico húngaro, filho do célebre violinista Tibor Varga, que Lindberg dedicou a partitura onde se identificam referências sonoras de todo o género e feitio – desde as vanguardas do século XX ao Jazz, das bandas circenses ao lirismo cinematográfico. É impossível qualificar estilisticamente a música de Christian Lindberg, talvez porque o próprio entenda que esse será sempre um exercício redutor e invariavelmente absurdo. Criar música é um exercício que não se deixa domar por etiquetas de qualquer espécie, tal como uma Águia-Real – selvagem, audaciosa, bela, altiva e, sobretudo, livre.
Rui Campos Leitão