Trata-se de uma Cassação, um género musical semelhante ao Divertimento e à Serenata oitocentistas. Mas todos a conhecemos por «Sinfonia dos Brinquedos». Aí se juntam os oboés, as trompas, as cordas da orquestra e alguns instrumentos que surpreendem, designadamente catracas, trompetes e tambores de brincar e apitos que imitam os cantares do cuco e da codorniz.
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Na verdade, não há certezas sobre a atribuição da autoria desta sinfonia. Foi pela primeira vez publicada em 1820, tendo sido posteriormente descoberto um manuscrito copiado pela mão de Leopold Mozart, o pai de Wolfgang Amadeus. Pesquisas recentes levantam ainda a possibilidade de ser autoria do Padre Edmund Angerer, um monge tirolês em cujo espólio também foi encontrado um manuscrito original da sinfonia. Porém, durante muitas mais décadas, pensou-se ter sido composta por Joseph Haydn. Inclusivamente, inventaram-se histórias decorrentes desse equívoco. Muito associada ao período natalício, contava-se que Haydn teria escrito esta música para uma celebração de Natal ocorrida no palácio de Eszterháza na sequência de uma visita a uma feira onde comprou os instrumentos que aqui se distinguem de todos aqueles que normalmente constituem as orquestras clássicas. Por isso, tem o cognome de Sinfonia dos Brinquedos – por usar instrumentos de brincar. Estes brinquedos eram muito populares na Europa Central em meados do século XVIII. Não espanta, pois, que muitos compositores da época não tenham resistido a incluí-los nas suas obras. Pode ter sido esse o caso de Leopold Mozart, muito embora em 1769 os seus dois filhos já não fossem tão pequenos assim. Nannerl tinha dezoito anos e Wolfgang treze.
Rui Campos Leitão