Os três painéis de madeira das «Tentações de Santo Antão» foram pintados por Jheronymus Bosch por volta de 1500. É uma obra carregada de símbolos que aludem a tentação demoníaca e a renúncia do pecado. Mas um dos seus aspetos mais impressionantes é o modo como o grotesco serve a busca do belo e do sublime. Com efeito, o «discurso» estético percorre por vezes caminhos surpreendentes. No mesmo sentido, este programa percorre duas sinfonias de Joseph Haydn e a célebre sonata de Giuseppe Tartini Trilo do Diabo, aqui adaptada para a formação de violino e ensemble de cordas. Diz a lenda que, certa noite, o diabo se aproximou de Tartini com um violino e tocou esta belíssima melodia. O compositor apressou-se depois a escrevê-la na pauta. Já as sinfonias de Haydn preenchem painéis bastante distintos. A N.º 84 é chamada «In nomine Domini», a N.º 44 «Fúnebre». Acha-se assim o diabo entre a luz e as trevas.
O Diabo nos Detalhes [Ciclo Barroco II]
[Concerto inserido na programação «Noite dos Museus»]
Orquestra Metropolitana de Lisboa
[Visita Guiada às 18h00, mediante marcação prévia para se@mnaa.dgpc.pt (apenas para pessoas com bilhete para o concerto)]
J. Haydn Sinfonia N.º 44, Sinfonia fúnebre (1772)
G. Tartini Sonata para Violino em Sol Menor, Trilo do Diabo (arr. para violino e orquestra de cordas)
J. Haydn Sinfonia N.º 84, Hob.1/84, In nomine Domini
Ana Pereira violino e direção musical