A diretora do Conservatório de Música da Metropolitana passou uma semana na Escola Básica do Mucifal a falar de Beethoven e a construir com as crianças instrumentos para tocar as obras do compositor alemão. Dias que os alunos “nunca mais vão esquecer”.
A expectativa era alta. “Eu sabia que havia um grande entusiasmo de todos os alunos e, a caminho da escola, ia com esse sentido de responsabilidade: ‘será que vou defraudar as expectativas dos miúdos?”. A pergunta ecoava na cabeça de Sofia Cosme, professora e diretora do Conservatório da Metropolitana.
A residência artística na Escola Básica do Mucifal, uma pequena localidade da freguesia de Colares, no concelho de Sintra, foi um sucesso. Havia sido pedida pelo Ministério da Educação, como uma das contrapartidas para o apoio oficial que a Metropolitana recebe todos os anos pelo seu trabalho pedagógico com as suas escolas.
“O Ministério abriu concurso, foi esta escola que ganhou e, portanto, havia um grande entusiasmo na comunidade escolar”, conta Sofia, que passou cinco manhãs e duas tardes da semana passada junto dos 20 alunos, crianças entre os oito e os dez anos, do 3.º ano de escolaridade.
Sofia Cosme abre o sorriso quando faz o balanço final. “Foi fantástico! Este tipo de iniciativas é muito importante para eles e capta a atenção dos jovens para a música clássica”, diz a professora, que vai mais longe. “Tenho a certeza que eles nunca mais vão esquecer desta semana e daquilo que aprenderam. Por tudo o que fizemos, isto vai ficar-lhes marcado para sempre”.
A experiência aconteceu pela primeira vez na Metropolitana e, portanto, o tema da residência artística — a vida de Beethoven — foi escolhido por Sofia Cosme. Na semana anterior à sua chegada ao Mucifal, “a professora deles esteve em aula a trabalhar com os alunos o tema, para que as crianças já tivessem umas luzes” sobre a vida do compositor.
“Quando eu cheguei, eles já tinham uma noção clara de quem tinha sido Beethoven. E a minha ideia foi fazer um vídeo com as crianças sobre a vida do compositor, em que cada um de nós tinha de fazer todos os sons da banda sonora do vídeo. E tínhamos de ser nós a construir os instrumentos usados”, explica.
A ação foi concretizada com sucesso. “Construímos instrumentos a partir de materiais recicláveis. Todos os dias tínhamos uma sessão de construção de instrumentos. Nos primeiros dias fui eu que lhes dei ideias para instrumentos de percussão, sopro e cordas. Ao longo dos dias, tínhamos também uma sessão de gravação para o vídeo e eram eles que davam muitas ideias”.
Puxar pela originalidade e criatividade das crianças foi o que mais seduziu a diretora do Conservatório da Metropolitana. “A turma adorou. Os miúdos estavam muito entusiasmados, foram super participativos. Às vezes, até era difícil controlar o nível de participação e excitação, porque era uma coisa diferente a que eles não estavam habituados”, diz Sofia Cosme com um sorriso.
Houve tempo também para, “entre brincadeiras e atividades físicas”, partilhar com os alunos “noções básicas de música”. “Falei-lhes da pulsação, da altura das notas, o volume de som, a própria produção de som, entre outras coisas”. Na apresentação final, o grupo mostrou, orgulhoso, o vídeo que fez, cantou as músicas e deu a conhecer os instrumentos que construiu ao longo da semana”.