
Uma palestra do físico Carlos Fiolhais em Vila Real inaugurou esta terça-feira uma digressão das Percussões da Metropolitana, que se prolonga ao longo dos próximos dois meses pelo país, num projeto que pretende “abrir horizontes” aos jovens músicos participantes.
A palestra, acompanhada de concerto, insere-se no ciclo Música e Ciência e estende-se esta quarta-feira a Viseu (14h15) e quinta-feira a Viana do Castelo (14h30). A Universidade de Coimbra acolhe mais uma edição do Música e Ciência, também com a presença de Carlos Fiolhais, a 3 de maio.
“Foi uma palestra notável de Carlos Fiolhais, aproximando a revolução na música de Stravinsky, em particular em a Sagração da Primavera (1913), à Revolução Quântica de Max Planck e o modelo atómico de Niels Bohr (1913)”, relata o diretor artístico da Metropolitana.
Pedro Amaral revela ainda que o premiado físico “fala ainda na Teoria da Relatividade e nas disputas entre Einstein e Bohr, evocando o famoso corolário do primeiro: “Deus não joga aos dados”.
“Para Carlos Fiolhais, Stravinsky e Einstein, contemporâneos, foram os dois génios do século XX”, conclui o Maestro Pedro Amaral.
No ciclo Música e Ciência, além da palestra, os espectadores podem sempre assistir ao concerto, protagonizado nestas datas pelas Percussões da Metropolitana.
“É uma empreitada muito ambiciosa, porque estamos a falar de uma das maiores obras do século XX, A Sagração da Primavera, de Stravinsky, que obrigou um grande trabalho de preparação e de adaptação desta peça para percussão”, conta ao site da Metropolitana o professor Marco Fernandes.

O responsável pelas Percussões da Metropolitana recorda ainda que “esta peça original é viva e cheia de ritmos compostos, mas não tem grandes instrumentos de percussão, o que tornou ainda maior o desafio”.
Marco Fernandes enaltece o trabalho que tem vindo a ser feito pelas Percussões da Metropolitana, que junta alunos da Escola Profissional Metropolitana, do Conservatório de Música da Metropolitana e da Academia Nacional Superior de Orquestra.
“Quando a EPM nasceu, em 2008, fui convidado para dar uma disciplina de música de câmara e foi aí que nasceu esta ideia de juntar todos os alunos para lançar as Percussões”, explica o professor Marco Fernandes, acrescentando que do repertório da formação fazem parte áreas muito diversificadas, que passam do erudito à pop, passando pelas músicas do mundo.

O responsável enaltece a necessidade de “abrir horizontes” aos jovens músicos, sendo essa uma das missões da Metropolitana, “um projeto único”.
“A Metropolitana é uma mini-cidade da música, que abre um conjunto de oportunidades únicas aos jovens. Para um aluno de 15 anos que esteja na EPM é muito importante conviver diariamente com pianistas, solistas e cantores que circulam a todo o momento no edifício”, considera.
Esse ambiente é transposto por Marco Fernandes para a formação de percussões. “O nosso aluno mais novo tem 5 anos e o mais velho cerca de 20. E é dessa ligação, dessa partilha, que se faz a riqueza deste projeto”, afirma.
“Temos sempre uma preocupação pedagógica na nossa atividade. E é por isso que os alunos que saem para o mercado de trabalho vão tão bem preparados”, sustenta, não escondendo o “orgulho”. “Sim, digo isto com alguma vaidade, admito”.
Habituadas a protagonizar concertos de maior fôlego em salas como o CCB ou o Cinema São Jorge, ou a participar em diversos festivais de rua de Lisboa, as Percussões da Metropolitana ganharam, em 2011 e 2014, o 1º Prémio Jovens Músicos da RDP – Antena 2, na categoria Música de Câmara, nível médio. Em 2015, os seus elementos foram distinguidos internacionalmente como Grand Prix Winners no 21st Century Art Competition for Young Performance, que se realizou no Funchal.
“É evidente que os prémios são sempre um reconhecimento do nosso trabalho e um incentivo para os músicos”, diz ao nosso site Marco Fernandes, que lembra que o prémio da Antena 2 “é o mais alto reconhecimento em Portugal”. “Nunca um grupo de percussão tinha ganhado um prémio destes”, recorda.
A digressão das Percussões da Metropolitana não se cinge apenas ao ciclo Música e Ciência, de que já falámos. A 7 de abril atuarão nos Olivais, incluíndo no programa Sons pela Cidade e a 2 de maio em Loures.