A Sétima Sinfonia de Beethoven foi estreada na mesma ocasião da Sinfonia Batalha, um concerto de beneficência em favor dos combatentes austríacos que defrontaram as tropas de Napoleão Bonaparte na Batalha de Hanau. De acordo com o espírito da cerimónia, três dos quatro andamentos têm um caráter esfuziante. Paradoxalmente, são os compassos dolentes do andamento lento que lhe são hoje mais conhecidos.
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Estreada em 1813, a Sétima Sinfonia de Beethoven é uma obra plena de energia em que alternam as mais reconhecíveis tipologias das danças populares com evidentes arquétipos militares. Há, todavia, um momento de grande contraste: designadamente o clima de afetação expressiva do segundo andamento, o mais famoso segundo andamento de todas as sinfonias do compositor. Nele repete-se insistentemente uma célula rítmica sobre a qual flutuam ideias melódicas muito persuasivas, estabelecendo-se um clima misterioso, ora idílico ora evocativo de uma experiência redentora.
Nos restantes andamentos prevalece a componente rítmica, dispensando-se por vezes a melodia e repetindo insistentemente uma mesma nota. De início é dado lugar a uma grandiosa introdução, ao bom jeito de uma celebração póstuma. No terceiro andamento, os ritmos de uma dança ternária impõem-se, num clima mundano, jocoso até; um verdadeiro Scherzo. Pelo meio deste andamento, dispõem-se dois trios, as partes mais lentas das danças ternárias. Por fim, um rojo de inventividade, exaltante do primeiro ao último minuto.
Rui Campos Leitão