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O Testamento de Heiligenstadt

Quando se tornou evidente para Beethoven que a surdez de que sofria era irreversível e tendia a agravar-se, refugiou-se numa estância de veraneio próxima de Viena e escreveu uma carta aos seus irmãos que nunca chegou a enviar. O documento ficou conhecido por Testamento de Heiligenstadt.

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Heiligenstadt, situada nos arredores de Viena, era há dois séculos uma pequena localidade localizada entre o rio Danúbio e uma densa área florestal. Era para onde muitos vienenses se deslocavam nos períodos de veraneio. Uma das estadias mais ilustres foi aquela protagonizada por Ludwig van Beethoven, em 1802. Por aconselhamento médico, em virtude da progressiva surdez de que sofria, instalou-se ali durante os meses de verão e outono.

Foi nessa ocasião que produziu um documento que nos é precioso para entender a sua biografia. O célebre Testamento de Heiligenstadt não é, em verdade, um testamento. Consiste numa carta dirigida aos seus dois irmãos e relata o desespero em que então vivia, motivado pela doença, ponderando seriamente o suicídio. A carta nunca chegou a ser enviada e só veio a ser divulgada em 1827, já depois da morte.

Paradoxalmente, compôs pela mesma altura a Segunda Sinfonia, uma obra que surpreende com uma disposição aparentemente contraditória. Nessa meia hora de música sobressaem estados anímicos combativos e exuberantes, pouco conformes a um estado depressivo.