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O Sinfonista Schubert

Franz Schubert completou a Quarta Sinfonia em 1816, quando ainda questionava o rumo da sua vida, profissional e não só. Beethoven publicara a primeira sinfonia com trinta anos de idade, e Brahms fá-lo-ia aos quarenta e quatro. Schubert não publicou nenhuma, mas com vinte e um já havia composto seis.

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Se contabilizarmos aquela de que nos chegaram os esboços dos quatro andamentos e a «Incompleta», somente com dois andamentos, Schubert compôs nove sinfonias. Estas dividem-se em dois grupos: as seis primeiras, compostas antes de 1818, e as restantes, das quais se distinguem como obras-primas a Incompleta e a Grande.

À partida, pode pensar-se que as sinfonias, por implicarem mais recursos logísticos, correspondem à faceta profissional da produção de Schubert. Acontecia, porém, o contrário. Foi através das canções que se notabilizou fora do círculo familiar, ainda que em âmbitos restritos da sociedade de Viena, em particular no entorno de amigos como Schober e Mayrhofer. Como exemplo, a Sinfonia Trágica só foi estreada vinte anos depois da sua morte, em 1849, em Leipzig.

Porém, em jovem, Schubert convivia com uma pequena orquestra formada por amigos e familiares. Esses músicos tocariam arranjos de sinfonias de diferentes compositores, também de Schubert. Quando a casa dos Schubert se tornou demasiado pequena, mudaram-se para a casa do comerciante e melómano Franz Frischling, juntando-se os sopros para interpretarem mais à vontade Haydn, Pleyel, Mozart e Beethoven. No inverno de 1815 estas reuniões começaram a realizar-se em casa de Otto Hatwig, um dos violinistas do Burgtheater. Schubert tocava viola nestas ocasiões em que terão sido pela primeira vez tocadas a quarta e a quinta sinfonias.

Rui Campos Leitão