Este site utiliza cookies. Ao navegar no site estará a consentir a sua utilização de acordo com a nossa Política de cookies.

concordo

O Sinfonista Mendelssohn

A Sinfonia Italiana ilustra bem o posicionamento de Mendelssohn no contexto do repertório sinfónico do século XIX. Neste âmbito, a sua contribuição pode dividir-se em três núcleos: as sinfonias para cordas que compôs enquanto jovem, as primeiras sinfonias de maturidade e as sinfonias que assinou já na década de 1840. Esta Sinfonia N.º 4 pertence ao período intermédio.

**

Apesar de a Sinfonia Italiana ter contribuído enormemente para a celebridade de Mendelssohn, não o vinculou ao cânone do legado sinfónico austro-germânico de Haydn, Mozart e Beethoven. Independentemente de se traduzir numa escrita brilhante e singular, não corresponde linearmente à postura eminentemente idealista da orientação que haveria de vingar na historiografia. No rescaldo da Nona Sinfonia de Beethoven, de 1824, Mendelssohn não assumiu a postura estética de vanguarda e de rutura que teria sido tão valorizada. Em grosso modo, não era visto como herdeiro da Primeira Escola de Viena.

Porventura, em virtude desse estigma, a relação de Mendelssohn com esta sinfonia não resultou pacífica. Logo após a estreia, a 13 de maio de 1833, na Sociedade Filarmónica de Londres e sob a sua própria direção, teve início um processo de revisão. As suas hesitações contrastavam com a entusiástica receção do público, de tal forma que nunca assumiu plenamente a obra. No início da década de 1840 não considerava esta sinfonia como representativa do seu legado. Ainda assim, em 1834 havia sido feita uma reconstituição da partitura com base nas partes que foram tocadas em Londres, da qual resultou a primeira edição (póstuma) de 1851. Afinal, foi esta a versão que perdurou até aos nossos dias.

 

Rui Campos Leitão