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O Festim da Aranha

Albert Roussel formou-se na Schola Cantorum, a instituição de ensino parisiense fundada em 1894 por Vicent d’Indy e que se apresentava como alternativa ao Conservatório de Paris, focando-se sobretudo no estudo do Canto Gregoriano e da polifonia quinhentista romana. Mas Roussel cedo se deixou encantar pelas sonoridades modernas impressionistas. São disso exemplo a sua primeira sinfonia e a música que compôs para o bailado O Festim da Aranha em 1913, no mesmo ano d’A Sagração da Primavera.

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Nos Fragmentos sinfónicos Op. 17, Albert Roussel recuperou cerca de metade da partitura que compôs para o bailado O Festim da Aranha, excluindo as partes mais angulosas que só tinham cabimento no contexto cénico original. Estreado no Théâtre des Arts, em Paris, o enredo desse espetáculo baseava-se num livro de temática entomológica escrito pelo célebre naturista e poeta Casimir Fabre. Por outras palavras, trata-se aqui de um estudo científico sobre insetos que deu origem a contracenas improváveis.

Tudo acontece num jardim onde reina a fantasia, e as leis da Natureza. Uma aranha aguarda pacientemente pelo seu jantar. Num ambiente idílico, as formigas carregam uma pétala de rosa de grande tamanho, os besouros vagueiam atarefadamente pelo ar, uma borboleta… fica presa na teia. O drama instala-se. Vê-se depois acompanhada pela má sorte de dois louva-a-deus. Porém, um deles, mais corajoso, acaba por libertar-se e enfrentar a aranha, matando-a. Tudo isto inspira cerca de vinte minutos de música por entre a qual, e sem interrupções, emergem sonoridades impressionistas. A orquestra desdobra-se por múltiplos efeitos que recordam filmes a preto e branco, sempre sugestivos e com grande eficiência dramática.