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Concerto Brandeburguês N.º 6

Na sua exuberância estilística, o Concerto Brandeburguês N.º 6 de Johann Sebastian Bach pode ser entendido como desenvolvimento sofisticado dos concertos ao estilo de António Vivaldi. Apesar de ser o último concerto do célebre livro de partituras manuscritas oferecido ao Marquês de Brandeburgo em 1721, é bem provável que tenho sido dos primeiros a ser composto.

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Mesmo antes de soar o primeiro compasso, destaca-se no Concerto Brandeburguês N.º 6 a particularidade de a instrumentação não incluir quaisquer violinos. Em vez disso, o protagonismo é confiado a duas viole da braccio, as quais correspondem às modernas violas d’arco. Inclui ainda duas viole da gamba, as quais eram apreciadas na época já como passadas de moda. Por seu turno, as violas d’arco eram normalmente tocadas por músicos menos virtuosos, razão pela qual é muito invulgar este dispositivo instrumental, que se assemelha a um concerto para duas violas. Presume-se que o próprio compositor tenha tocado uma das partes de viola d’arco, que também aprendera a tocar em criança. Enquanto isso, o príncipe Leopold de Anhalt-Köthen juntava-se ao ensemble para tocar viola da gamba.

No que respeita à música, nos ritornellos do primeiro andamento as duas violas precipitam-se no entrelaçamento de um cânone que vai envolvendo progressivamente os demais instrumentos. Cria-se assim um fluxo musical de efeito vertiginoso. No segundo andamento as violas da gamba silenciam-se. Lembra uma sonata em trio, com as violas e o baixo contínuo. À semelhança do concerto N.º 5, também este último andamento consiste numa giga concertante, extremamente virtuosa.

 

Rui Campos Leitão