Pablo Sarasate foi um dos maiores violinista da segunda metade do século XIX. Para lá disso, foi também um compositor extraordinário. Reunia, portanto, as condições necessárias para explorar exaustivamente os requintes técnicos e expressivos do seu instrumento. Não admira que a Fantasia Carmen (1883) se tenha tornado presença obrigatória no repertório dos melhores violinistas. Apesar de ser uma adaptação de excertos da célebre ópera de Bizet (1875), onde todo o protagonismo é confiado à voz das personagens, esta versão instrumental não compromete o dramatismo e o encanto da versão original. Recupera as melodias mais conhecidas. No início, ouve-se a música do princípio do 4.º Ato, com cenário em redor da praça de touros de Sevilha e a multidão que aguardava a chegada dos toureiros. Adivinha-se o fatídico encontro de Carmen com Don José. Segue-se a famosa Habanera que a cigana canta sem poupar os seus dotes de sedução. Depois, um interlúdio, a Seguidilha que dá início ao 2.º Ato na taberna de Lillas Pastia. Por fim, a dança boémia, desta feita com os ritmos frenéticos que exaltam o virtuosismo do solista.
Rui Campos Leitão
Imagem: Pablo de Sarasate em 1906 | Fonte – Wikimedia Commons