Originalmente compostas para piano, em 1915, as Danças Populares Romenas de Béla Bártok convidam-nos a viajar pela Transilvânia. Percorrem ambientes contrastantes, desde os ritmos do bastão à animação da polca, passando por registos de contemplação bucólica e outros mais subtis, tais como a Dança do Xaile.
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As fronteiras geográficas de hoje são bem diferentes daquelas de há dos primeiros anos do século XX. O Império Austro-Húngaro reunia vários países no seio da mesma monarquia. Depois da Primeira Grande Guerra Mundial tudo se redesenhou. Assim, Bartók é de nacionalidade húngara, mas o território onde nasceu integra hoje a Roménia. É essa a explicação para o compositor ter, ele mesmo, levado a cabo as recolhas etnográficas que estão na origem destas melodias que nos convidam a viajar por paisagens da Transilvânia.
Ouve-se primeiro a Dança do Bastão, originária do norte daquela região. Os dançarinos utilizavam um bastão para marcarem a pulsação rítmica. Depois a delicada Dança do Xaile, em que homens e mulheres recorriam a esse adereço. Segue-se uma dança lenta, propícia à contemplação bucólica. No mesmo registo lento, Bartók evoca a sonoridade de um instrumento tradicional que se assemelha a uma trompa alpina. E de regresso a ambientes mais animados, escuta-se uma Polca. Termina com duas pequenas danças rápidas de cariz igualmente rústico.
Rui Campos Leitão
Imagem: Aldeia da Transilvânia – Pintura de István Nagy (1873–1937) // Fonte: Wikimedia Commons