As Danças Concertantes foram escritas no início dos anos 1940, em Hollywood. São distantes, portanto, da música que Igor Stravinsky compôs em início de carreira para os Ballets Russes, tais como O Pássaro de Fogo ou A Sagração da Primavera. Reunidas no formato de uma suíte instrumental barroca, não terão sido escritas com o intuito específico de serem dançadas. Ainda assim, o coreógrafo George Balanchine levou-as à cena no período da Segunda Grande Guerra, em Nova Iorque, com antigos elementos da companhia de Diaghilev.
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Danças Concertantes foi a primeira obra que o compositor russo completou após se ter radicado nos E.U.A. No manuscrito lê-se a inscrição «Concerto para Pequena Orquestra». Mas esta designação acabou por não vingar, por serem tão evidentes as influências do universo da dança. Houve quem lhe chamasse «música abstrata para um bailado sem enredo», mas Balanchine não sentiu dificuldades em contornar essas condições. Afinal, já era a sétima coreografia que criava com música do seu compatriota, destacando-se entre elas Appolo, de 1927, e Jeu de cartes, de 1937. Em 1972, no ano seguinte à morte de Stravinsky, Balanchine prestou-lhe homenagem com uma nova versão do mesmo bailado.
Em matéria de música, consiste numa obra orquestral dividida em cinco partes, todas elas baseadas em formas emprestadas da dança. A marcha introdutória anuncia o ambiente lúdico e afirmativo que se mantém até final, sempre pontuado por curtos solos instrumentais. No segundo andamento, Pas d’Action, ouvimos uma escrita sucessivamente entrecortada que convida a imaginar situações encenadas. As variações que se seguem transformam uma melodia melancólica em cinco registos contrastantes. O Pas de Deux abre caminho ao protagonismo dos sopros e conduz, desse modo, à marcha que já se ouviu de início.
Rui Campos Leitão