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A Sinfonia Italiana

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O legado sinfónico de Mendelssohn divide-se em três partes: as sinfonias para cordas que compôs enquanto jovem, as primeiras sinfonias de maturidade e as sinfonias que assinou já na década de 1840. A Sinfonia Italiana pertence ao período intermédio e é a mais popular. O compositor chamou-lhe «A alegre sinfonia de terras de Itália».

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A primeira versão da Sinfonia Italiana foi estreada no dia 13 de maio de 1833 na Sociedade Filarmónica de Londres sob a direção do próprio Mendelssohn. É conhecida por Italiana, por ter sido inspirada numa viagem do compositor àquele país. A condição de ter nascido numa família abastada proporcionou-lhe uma viagem pela Europa no ano em que completava vinte e um anos de idade. Depois de passar por outros países, chegou a Itália em maio de 1830. Visitou Veneza, Roma, Nápoles, Génova e Milão. Segundo a correspondência do músico com a família, terá sido em Roma que a criação foi iniciada. Há testemunho de que o segundo e quarto andamentos estão associados a vivências pessoais – à passagem por Nápoles e assistindo em Roma a danças locais, respetivamente.

Deste modo, e apesar de ser um exercício absolutamente especulativo, é tentador sentirmo-nos convidados ao longo dos quatro andamentos a vaguear por bilhetes postais imaginários. Ajudam muito os abundantes efeitos orquestrais, sem sacrifício da mais irrepreensível fluidez do discurso. Ouve-se o «céu azul», a florescência da Primavera, vigorosas Tarantelas… mas também há lugar para sonoridades solenes, como a célebre Marcha dos Peregrinos do segundo andamento. Seria esta a melancólica evocação de uma experiência vivida nas ruas de Nápoles, as mesmas que hoje se conhecem tão efervescentes e povoadas de ruído urbano.

 

Rui Campos Leitão