A Quarta Sinfonia distingue-se entre as primeiras seis escritas por Schubert por não assumir uma disposição manifesta de entretenimento e por ser mais despojada, no que respeita à expressão dos afetos. Traduz-se, assim, numa evolução do estilo do compositor austríaco.
**
Na Quarta Sinfonia imperam a forma e as dimensões do estilo clássico, correspondendo às práticas sinfónicas instituídas por Haydn e Mozart. Mas Schubert era o grande mestre da melodia e dos movimentos harmónicos. A singularidade da sua personalidade criativa revela-se do primeiro ao último compasso desta partitura.
No primeiro andamento é lançado um tema soturno que se desdobra como um entrelaçado por entre os vários naipes da orquestra. O segundo andamento instala-se num registo de comoção que recorda os mais belos lieder que escreveu. No terceiro assiste-se a uma sonoridade que reporta às danças rústicas que antecederam a valsa. A terminar, apresenta-se um andamento bastante mais heróico do que trágico, por intermédio de uma impetuosidade orquestral contagiante.
Rui Campos Leitão